SÃO JOÃO DO
PORTO, UMA FESTA «ÚNICA» QUE RETRATA A CIDADE
PADRE E
JORNALISTA RUI OSÓRIO DESTACA ESPONTANEIDADE E PROXIMIDADE NAS CELEBRAÇÕES
A festa litúrgica do nascimento de São João
Batista, que a Igreja Católica celebra anualmente no dia 24 de Junho, leva ao
Porto uma festa “única” para uma “cidade de liberdade”, referiu o cónego Rui Osório.
“Não há propriamente uma celebração religiosa, é
uma festa sacro-profana, e é curioso que o povo na sua manifestação não quis
formalizar e institucionalizar estas festas, são muito espontâneas, são muito
da alegria do povo, da proximidade”, precisa.
Para o jornalista e pároco da Foz do Douro, embora
o santo seja festejado em todo o país, existe uma tradição particular no Porto,
numa celebração “democrática” em que “não há ricos nem pobres”.
O responsável recorda a “cristianização” de festas
pré-cristãs, “típicas” do verão, que recorrem a elementos como as ervas
aromáticas ou as fogueiras e fazem das figuras de Santo António, São Pedro ou
São João Batista - “rapioqueiro”, como se diz no Porto, e “casamenteiro”.
“O povo soube tirar partido da alegria destes
santos”, refere.
O cónego Rui Osório sublinha que a celebração do
São João “fugiu sempre à institucionalização” e recorda que só uma paróquia da
cidade do Porto o tem como padroeiro, precisamente a da Foz do Douro.
A festa, acrescenta, “é muito típica de uma cidade
que troca o ‘v’ pelo ‘b’, como tem outros regionalismos na sua maneira de
falar, mas não troca nunca a liberdade pela escravidão”.
“A noite de São João é uma noite de liberdade, de
fraternidade, de alegria, em que as pessoas democraticamente se aceitam nas
suas diferenças”, observa.
São João Batista é celebrado pela Igreja Católica
como primeiro anunciador de Jesus Cristo e a sua festa litúrgica, com vigília,
é a única, com a da Virgem Maria, em que se celebra o nascimento.
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